Mais um motivo de
otimismo para vítimas de lesões medulares. Pesquisadores na Suíça conseguiram
fazer com que ratos paraplégicos voltassem a caminhar com as próprias pernas -
e os próprios neurônios -, utilizando uma combinação de estímulos químicos e elétricos,
associados a fisioterapia. Algo que os cientistas batizaram de
"neuroprótese eletroquímica espinhal".

Neste caso, os cientistas causaram lesões em pontos específicos
da medula espinhal de ratos, cortando-a não completamente, mas o suficiente
para tornar os animais paraplégicos - sem movimento nas pernas traseiras.
A medula espinhal é como um cabo biológico de fibras óticas (os
axônios dos neurônios) que transmitem impulsos elétricos do cérebro para todos
os membros e órgãos do corpo. Quando essa fiação é cortada ou lesionada, os
impulsos não chegam ao seu destino, e a pessoa perde os movimentos - ainda que
restem algumas fibras intactas.
Por alguma razão não bem compreendida, a medula tem uma
capacidade muito limitada - ou quase nula - de se regenerar por conta própria.
Os estudos terapêuticos em andamento consistem em tentativas de estimular essa
regeneração ou criar caminhos alternativos para que os estímulos do cérebro
cheguem até os músculos - ou até algum mecanismo robótico externo capaz de
executar os mesmos movimentos, por meio de interfaces homem-máquina.
A estratégia adotada pelos cientistas suíços foi estimular a
reconfiguração e a formação de novos neurônios por meio de estímulos químicos e
elétricos. Como preparação, injetaram na medula dos ratos um coquetel de moléculas
que atuam sobre o sistema de neurotransmissores (como dopamina e serotonina) e,
simultaneamente, aplicaram correntes elétricas estimulantes por meio de
eletrodos.
Depois, submeteram os animais a uma rotina de treinamento
voltada para estimular movimentos voluntários dos membros inferiores. Os ratos
eram colocados num suporte mecânico móvel, no qual apenas suas patas traseiras
tocavam o chão, enquanto estímulos elétricos eram aplicados ao seu cérebro.
Atraídos por uma isca de chocolate, em duas ou três semanas eles
começaram a dar os primmeiros passos, e logo já
eram capazes de correr, subir escadas e desviar de obstáculos. Sempre com o
apoio postural, mas por meio de movimentos voluntários, o que comprova a
capacidade do sistema nervoso de se reorganizar e formar novas conexões para
reestabelecer funções perdidas. Na prática, a capacidade de ser seu próprio
eletricista. o de S.Paulo.
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