terça-feira, 24 de maio de 2011

Fotógrafo não aparece em dia de casamento e tenta conciliação.O Conciliador também foi ao extremo norte do Brasil para contar a história de um paraplégico que se revoltou com o descaso no transporte público.


Dois cidadãos indignados em busca de justiça. O Conciliador vai ao extremo norte do Brasil para contar a história de um paraplégico que se revoltou com o descaso no transporte público. E, em São Paulo, uma noiva vive minutos de aflição e raiva no dia do casamento. 

Em São Paulo, uma noiva é abandonada, chorando, no altar, não pelo noivo, mas pelo fotógrafo, que some no dia do casamento. Do Sudeste para o Norte do Brasil: conciliação em pleno Rio Amazonas.

Um cadeirante processa uma empresa de ônibus de Macapá. A alegação: desrespeito ao direito da pessoa com deficiência. Dois casos que vão testar o poder de negociação de nossos conciliadores.

Wilson Felin, 65 anos, nomeado pelo Tribunal de Justiça paulista e Sonia Ribeiro, 37 anos, do Tribunal de Justiça do Amapá. 
São Paulo

Haide e o marido, Wagner, contam ao conciliador Wilson que, uma semana antes do casamento, fecharam um pacote de 50 fotos profissionais. Pagaram R$ 500 reais, à vista, ao fotógrafo Henrique de Oliveira.

“Nós marcamos a data, o horário, tudo, dei todos os dados possíveis para ele”, afirmou Haide.

O contrato assinado pelos três confirma: a cerimônia seria realizada no dia 15 de janeiro, um sábado, às 19h. O local: Igreja de Santa Terezinha, na Zona Leste. No dia e hora marcados, porém, a demora começou a inquietar os convidados.

O fotógrafo contratado não tinha aparecido. Sem alternativa, o casal deu início à cerimônia. Amigos e parentes tentaram ajudar, tirando fotos com suas próprias câmeras e celulares.

“Eu pensei assim: ‘Nossa, é um momento tão feliz da minha vida e eu estou aqui, chorando, minha maquiagem borrando’. Não tenho palavras para descrever. Foi uma verdadeira dor”, lembrou ela.

Doze dias depois, o fotógrafo deu o ar da graça, com uma desculpa que Haide e Wagner acharam difícil de engolir: “Ele falou que esqueceu! Que ele achou que o dia 15 era no domingo”, afirmou ela.

Henrique afirma que foi isso mesmo: uma lamentável confusão de datas. “No domingo, dia 16, que eu acreditava que era dia 15, eu fui lá. Aí foi quando a casa caiu, tinha percebido a besteira que eu tinha feito”, contou ele.

O rapaz de 20 anos, iniciante na carreira, diz que ficou arrasado com o erro que cometeu. Chegou a duvidar da própria vocação.

O casal recusou uma oferta do fotógrafo de R$ 1,5 mil para encerrar o assunto e abriu processo por danos morais.

Uma nova proposta é feita e o casal finalmente aceita. O acordo de R$ 6 mil em 13 parcelas é oficializado no juizado especial cível de Itaquera-Guaianases. 
O fotógrafo faz uma oferta generosa: dez vezes o valor que o casal pagou pelas fotos. Haide recusa e se exalta.

O casal e o fotógrafo que faltou ao casamento tentam um acordo na conciliação. A advogada de Haide e Wagner diz que o rapaz foi negligente. O jovem fotógrafo se penitencia.

Macapá

Dia normal na vida do funcionário público Fernando, paraplégico há 18 anos. Para esperar o ônibus adaptado, ele é obrigado a ficar praticamente no meio da rua. O ponto não tem acessibilidade. Fernando faz sinal, o coletivo da empresa Sião Thur para longe e passageiros desembarcam. Fernando tenta alcançar o veículo, mas quando está quase chegando...

Fernando conta à conciliadora Sonia que, em Macapá, pegar um dos 69 ônibus adaptados para cadeirantes é, com frequência, um transtorno.

A equipe de reportagem do Fantástico saiu às ruas com Fernando e constatou que, muitas vezes, o cadeirante não é tratado com o devido respeito.

Em nota, a empresa afirma que os veículos só carregam um cadeirante por vez. "Acreditamos ter sido esse o motivo de o motorista não ter levado o passageiro", diz o texto.

Cansado de reclamar, Fernando decidiu abrir um processo. A ação que ele está movendo, porém, é contra outra empresa, a Cidade de Macapá. Em três ocasiões, veículos dessa companhia não teriam parado no ponto.

Pelo constrangimento, Fernando quer indenização de 12 salários mínimos, R$ 6.540.

Procurada com insistência pelo Fantástico, a empresa Cidade de Macapá não se manifestou.

Mas, depois que a equipe de reportagem chegou à capital, nenhum ônibus da viação deixou Fernando na rua. No entanto, outras irregularidades foram encontradas. Havia coletivos da empresa sem o adesivo obrigatório na frente, que identifica os ônibus adaptados. 
Todo elevador tem uma trava de segurança que impede que a cadeira de rodas deslize para fora do ônibus. Mas em dos veículos da empresa Cidade de Macapá, a trava não foi ativada, um risco para o passageiro.

E em um vídeo que Fernando gravou pelo celular, outra situação de perigo para o cadeirante: o ônibus anda com a porta aberta. Segundo ele, é mais um carro da Cidade de Macapá.

Uma novidade. A conciliação entre o cadeirante Fernando e a empresa de ônibus acontece em um barco ancorado no Rio Amazonas. É o projeto "Justiça Itinerante".

Na audiência, os advogados da empresa Cidade de Macapá preferem esconder o rosto. Fernando vê descaso na prestação de serviço. A empresa assegura que os elevadores são novos e funcionam perfeitamente. Afirma também que os motoristas não param apenas quando já estão levando outro cadeirante. Fernando contesta.

A conciliadora pergunta se os advogados têm uma proposta, em consideração a Fernando.

A empresa de ônibus não fala em dinheiro, mas propõe uma reunião entre Fernando e os motoristas. Ele quer R$ 6,5 mil de indenização. Em sucessivas propostas, a empresa se mostra irredutível. A conciliação termina sem acordo.

Um mês depois da gravação, saiu a sentença. Fernando perdeu a causa, porque não apresentou uma testemunha que sustentasse a alegação de que os ônibus da empresa não param no ponto. Cabe recurso. 

Um comentário:

la disse...

Fiquei impressionada com a falta de respeito ao deficiente físico Fernando em Macapá! O fato da empresa Cidade de Macapá não reconhecer que causou danos morais ao Fernando é muito lamentável! Achei um abuso a advogada tentar renegociar o valor para R$1,000 (o que é vergonhoso!!!!!!!!) e receber um seco NÃO da empresa!! Como foi possível Fernando perder esse caso???? Como é possível dizer que não existiam testemunhas para o caso, após os vários vídeos mostrados pelo Fantástico??? Quando as coisas vão mudar no Brasil???? Uma vergonha!!!!!!!!!! E uma completa falta de respeito ao ser humano!!!!