quinta-feira, 23 de junho de 2011

Surfista tetraplégico.


Numa cadeira de rodas desde que ficou tetraplégico e a viver cada dia como se fosse o último, Nuno Vitorino começou há um mês a praticar surf e pretende levar jovens deficientes a entrar para a modalidade.
Nadador paraolímpico até há quatro anos, Nuno Vitorino, de 32 anos, continua a demonstrar que, com grande força de vontade, se podem transpor a maioria dos obstáculos. Praticar surf mesmo para quem aos 18 anos passou a viver numa cadeira de rodas é um deles.
“Numa cadeira de rodas a pessoa é obrigada a estagnar um pouquinho e eu sempre trabalhei para que isso não acontecesse, desde ser atleta parolímpico até [fazer] surf, e não vou parar por aqui porque adoro fazer desporto”, disse à Lusa na praia do Lagido, Peniche, onde na tarde Sábado entrou no mar para “apanhar” algumas ondas.
Tiro acidental
Nuno Vitorino ficou tetraplégico após ter sido atingido com um tiro disparado acidentalmente por um amigo que manuseava uma arma de fogo.
O acidente retirou-lhe a possibilidade de praticar bodyboard, mas não a vontade de fazer desporto. Ao fim de quatro idas ao mar com a prancha de surf, Nuno sente-se a progredir e na tarde de Sábado no Lagido até arrisca fazer um “tubo”, a manobra que todos os surfistas anseiam conseguir fazer.
Contudo, este jovem informático na Câmara Municipal de Lisboa tem sobretudo como objectivos “saber que é capaz” e “mudar mentalidades”.
“De certeza que estou a mudar mentalidades das pessoas que vêem que o jovem que está na prancha é o dono da cadeira de rodas”, frisou, lamentando que o surf não conste ainda das actividades paraolímpicas.
Alargar a experiência
Apesar de reconhecer que “não é normal uma pessoa em cadeira de rodas praticar surf”, Nuno Vitorino conta com a ajuda dos amigos para ultrapassar alguns pormenores, como conseguir meter-se em cima da prancha.
Disposto a alargar a sua experiência, o desportista e vários amigos, todos da zona de Lisboa, criaram um projecto (www.estadoliquido.org ) destinado a “levar outros jovens com deficiência a ter uma prática regular de surf”.
A ideia é ajudar essas pessoas a superar as suas limitações e apoiá-lo sempre que quiserem entrar no mar, mas sem esquecer que a “prática do surf envolve alguns cuidados”.

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