segunda-feira, 28 de março de 2011

Acessibilidade é tendência para novos negócios.


Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 15% da população brasileira possui algum tipo de necessidade especial. A inclusão da acessibilidade como tendência de mercado tem como base a carência de produtos e serviços nessa área. A ONG Novo Ser, do Rio de Janeiro, que ganhou notoriedade no País após apresentar seus produtos em uma novela, apresenta uma diversidade de artigos, comprovando que a acessibilidade pode se tornar um negócio viável. 

A utilização de cadeiras anfíbias, que permitem aos cadeirantes o acesso à praia, é uma prova de como o mercado pode atender a um público diversificado e promover a geração de negócios e renda. Além de cadeiras anfíbias, produtos como raquetes de frescoball e pranchas adaptadas para cadeirantes despertaram a curiosidade dos visitantes do espaço da ONG, que realiza gratuitamente no Rio de Janeiro o Projeto Praia para Todos. 
“A acessibilidade como negócio é uma tendência para o mercado que ainda não foi descoberta, mas que possui vasto horizonte a ser desbravado. Pessoas com deficiência também são cidadãos e necessitam de estrutura adequada”, afirma Ricardo Gonzalez, cadeirante e idealizador do projeto. 

Assim como no caso de Ricardo, a defesa da causa própria também fez com que o veterinário João Pacheco investisse em projetos direcionados a atender pessoas com necessidades especiais. Após ficar tetraplégico e esbarrar nas dificuldades do dia a dia, Pacheco virou empresário e atualmente comercializa cadeiras de rodas especializadas, peças com tecnologia acessiva, como os talheres adaptados e o inovador capacete para digitação. Os equipamentos garantem o retorno a atividades como acessar a internet. “Sempre procurava produtos que me ajudassem, mas não encontrava. Hoje consigo até acessar a internet e movimentar minha empresa, que funciona com vendas virtuais e atende a todo o Brasil”, pontua. 

Gastão Cabral, proprietário de restaurantes no litoral de Natal (RN), também faz a sua parte. O empresário está ampliando a oferta de equipamentos de acessibilidade em seus empreendimentos. “Tenho muitos clientes com algum tipo de necessidade especial, e que, como os outros, consomem, gastam, e necessitam de estrutura diferenciada. Apesar de a lei obrigar a oferecer rampas, vagas de estacionamento e tantos outros itens, muitos empresários não cumprem e é nisso que estou apostando. Não é todo mundo que existem muitas oportunidades de negócio que ainda não são exploradas na área”, promete Gastão.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Câmara Federal cria Frente de Direitos das Pessoas com Deficiência.Mara Gabrilli defende a presidência da Frente para um dos deputados cadeirantes.


Da esquerda para direita sentados à frente da mesa: Walter Tosta, Mara Gabrilli, Rosinha da Adefal e Romário. Em pé, atrás dos parlamentares citados: o Deputado Otávio Leite, Mandetta Geraldo Resende e Eduardo BarbosaHoje (23/02), durante a reunião que definiu o comando da Frente Parlamentar de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência do Congresso Nacional, a deputada Mara Gabrilli discutiu a importância de a frente ser presidida por um dos parlamentares com deficiência. "Não faz sentido termos três parlamentares cadeirantes e a presidência não ser de um deles. Afinal, defendemos que nada seja sobre nós sem nós", citando a frase que define a luta pela inclusão. Após o discurso, o deputado Walter Tosta abriu mão do cargo, bem como Mara Gabrilli. Assim, a deputada alagoana Rosinha da Adefal (PTdoB) foi escolhida pelos seus pares para assumir a presidência da Frente Parlamentar. Seu vice será o deputado Romário (PSB-RJ).

Criada em 2007, pelo deputado Geraldo Resende, a Frente é mista, composta por deputados e senadores, formando por um bloco suprapartidário. São objetivos do órgão:

- acompanhar as políticas e ações que se relacionam às pessoas com deficiência;

- promover debates, simpósiios, seminários e outros eventos pertinentes ao tema, divulgando seus resultadaos;

- promover o intercâmbio com entes assemelhados de parlamentos e entidades de outros países, visando o intercâmbio de ações congêneres;

- acompanhar a tramitação de matérias na Câmara dos Deputados e no Senado Federal que tratem do assunto 'pessoas com deficiência e correlatos'.

Indicada para a presidência, Rosinha contou com o apoio imediato de Mara e Tosta, com quem vem afinando as açõe em prol da acessibilidade e da inclusão social das pessoas com deficiência. No transcorrer da reunião, os demais parlamentares também declararam seu apoio à deputada alagoana, sendo um consenso sua indicação.

Na próxima terça-feira (1/3) haverá mais uma reunião preparatória, na qual se pretende chegar a uma data para o evento de reativação oficial da Frente, que deve ocorrer na segunda quinzena de março. Na ocasião, também serão discutidas questões como a necessidade de reforma do estatuto que regulamenta a Frente Parlamentar.

Um dos grandes desafios da Frente será o projeto de lei que institui o Estatuto da Pessoa com Deficiência, que vem sofrendo severas críticas por parte da sociedade civil organizada. A regulamentação da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU) também será tema a ser discutido.

A luta pela acessibilidade nos grandes eventos esportivos que o Brasil sediará nos próximos anos é ponto de destaque, a ser apreciado.
As datas comemorativas, símbolos de luta para o Movimento de Inclusão Social, serão observados pela Frente, que já se mobiliza para o próximo dia 21, Dia Internacional da Síndrome de Down.


Foto: Cristina Honfi

sábado, 19 de março de 2011

RPG - Reeducação Postural Global.


A Reeducação Postural Global (RPG) é um método de tratamento da dor e do desconforto causados por alterações posturais. Tem como finalidade principal o combate de dores nos músculos, nas articulações e na cabeça,melhorando o funcionamento do sistema respiratório e realinhando a coluna, proporcionando liberdade e leveza de movimentos.

A RPG é indicada para pessoas de todas as idades e para a maioria dos problemas que afeta os músculos e os ossos: dores lombares, dorsais e cervicais, Lesões por Esforço Repetitivo (LER), desvios de coluna, desvios dos pés e dos joelhos, enxaquecas, bursites, torcicolos e hérnias de disco.

É também uma poderosa ferramenta de prevenção dos processos degenerativos articulares. Aplicada em crianças e jovens, vai prevenir as consequências da má postura. Trata o indivíduo e não a doença. Cada pessoa tem sua própria maneira de reagir a agressões, como o estresse e os traumatismos, adotando determinados padrões para fugir da dor.

Tais padrões frequentemente resultam em vícios de postura, que mais tarde passam a ser causa de mais dores e desconforto. As posturas desenvolvidas pelo método provocam alongamento ativo, ou seja, há efetiva participação do indivíduo durante a sessão. Especial atenção é dada à respiração, pois dela depende as funções motora, estática, digestiva, circulatória, mental e emocional. Um bom funcionamento dos músculos respiratórios, principalmente o diafragma, é necessário para um bom equilíbrio. A RPG identifica a origem dos vícios posturais e os corrige. Geralmente, faz-se uma sessão individual de uma hora, uma vez por semana. O número de sessões depende do problema do paciente
Quando é indicada.

Dores articulares e musculares;
Artroses, bursites, traumatismos e hérnias de disco;
Torcicolos, tendinites e Lesões por Esforços Repetitivos (LER);
Dores ciáticas e cervicalgia;
Dores ou desvios na coluna vertebral (escolioses, espondiloartroses, hiperlordoses e cifoses);
Seqüelas de doenças neurológicas ou de queimaduras;
Perturbações do esquema corporal;
Correções estéticas da postura (postura inadequada).

Patricia Helena Filter - Fisioterapeuta





segunda-feira, 14 de março de 2011

Mergulhador passa 16h à deriva com o corpo paralisado Eduardo Quental estava fazendo um mergulho nas Ilhas Cagarras, no Rio de Janeiro, quando bateu com a cabeça no fundo do barco. Ele foi resgatado a 21 km do local onde sofreu o acidente.



Um dia lindo. E em apenas dez minutos os amigos chegavam às Ilhas Cagarras, bem em frente à Praia de Ipanema, no Rio. Sob aquelas águas, eles pescam há décadas. Naquele dia, pegaram uma garoupa de 25 quilos. Mas decidiram dar mais um mergulho. Na subida para a superfície, um instante de distração.

“Não olhei para a superfície, e o barco também se deslocou um pouquinho. Então, na subida do mergulho, eu dei com a cabeça no fundo do barco. Não foi uma pancada muito forte, mas me imobilizou totalmente na hora. Instantaneamente eu perdi o movimento de todos os membros. Só fiquei com a cabeça mexendo”, conta o mergulhador Eduardo Quental.

O impacto na coluna o deixou paralisado do pescoço para baixo. 
“Foi uma situação desesperadora, porque eu comecei a tentar mexer e vi que não mexia. Aí, eu percebi plenamente o que tinha ocorrido. Foi o pior momento, imaginei que eu fosse morrer afogado porque não podia me movimentar, estava debaixo d’água ainda e sem ar. Naquele momento, eu me despedi da minha mulher e da minha filha e fiquei aguardando a morte chegar, segurando o fôlego. Foram segundos como uma eternidade. Só que meu corpo foi se virando, e eu saí com a cara para cima respirando”, descreve.

A roupa de neoprene ajudou a boiar. E o cinto, com peso, deu estabilidade. Marcos, o companheiro, ainda estava na água e não viu nada. Quando Marcos voltou para o barco, encontrou a bóia de Eduardo sinalizando que ele ainda estava lá embaixo. Passados alguns minutos, chegou à conclusão mais óbvia em uma situação dessas: o companheiro tinha sofrido um apagamento e estava afogado lá embaixo.

“Minha preocupação não era subir no barco e procurar em volta, era procurar no fundo. Foi o que eu fiz. Quando chegando ao barco e não o encontrei, comecei a mergulhar em volta para ver se achava ele no fundo desmaiado”, conta Marcos Mantovani.

Eduardo não conseguiu pedir socorro. “Tentei dar uns gritos para o meu parceiro, mas como meu pulmão estava sem controle, eu tinha pouco ar, pouco fôlego. Então, ele não viu e aí foi”, diz.

E foi. Em poucos minutos, só o rosto estava de fora. Era um pontinho na imensidão do mar, ao sabor da correnteza. Mas com mais quatro horas de sol pela frente, ele achava que o resgate ia chegar.

“Eu falei: ‘Tranquilo, vão me achar daqui a pouquinho’. Ficava esperando por barulho de barco, de helicóptero. O tempo foi passando e nada. Não passou nenhum barco, nenhum helicóptero”, lembra Eduardo.

Muitos barcos foram mobilizados, mas procuravam longe de onde ele estava.

“A água estava no limite da boca. Eu tinha que manter o pulmão cheio, senão afundava um pouquinho. Então, tinha que fazer uma técnica de respiração: eu enchia o pulmão e aguentava uns 15 segundos. Enquanto isso, meu corpo boiava um pouquinho melhor e eu deixava as ondinhas lamberem minha cara. Não atrapalhava minha respiração e ia repetindo esse processo”, explica.

Outro risco: a hipotermia. Quando o corpo perde calor.

“Eu fazia exercícios com a cabeça e com a boca, que eu podia, e descobri também que tinha um movimento de ombro que me cutucava a região onde eu tive o apertamento da medula e me dava um choquezinho no corpo. Eu provocava a dor para poder me manter vivo. A questão é que eu teria que fazer isso durante muitas horas. O pôr do sol foi se aproximando e, quando escureceu, veio a segunda fase. Foi uma fase difícil. Eu tive consciência de que teria que sobreviver muitas horas naquela situação”, lembra.

A maré enchente carregou Eduardo para a entrada da Baía de Guanabara, rota de navios.

“Em torno das 23h, veio um cruzeiro desses de turismo muito grande, saindo da baía. Eu estava preocupado de cair nas turbinas do navio. Ele passou do meu lado. Até dei uns gritinhos, peguei água do lado e soprei para o alto, para ver se alguém via um chafarizinho. Mas, racionalmente, não havia a menor possibilidade”, diz Eduardo.

Como suportar as horas de escuridão e imobilidade?

“Eu me agarrei à vida. Percebi que eu queria muito viver. Eu tinha certeza de que ia ficar tetraplégico. Durante a noite, eu falei: ‘Tudo bem, não vou ficar com movimento. Isso não vale nada, eu quero a vida. Eu vou poder ver a minha filha crescer, vou poder estar com a minha mulher, minha família, meus amigos, vou estar pleno, minha cabeça está boa’”, conta Eduardo.

A maré mudou, e o rumo dele também. Desde as Ilhas Cagarras foram 16 horas e 21 quilômetros flutuando. Ao amanhecer, ele estava em frente à Praia de Piratininga, em Niterói.

A poucos metros da praia que seria a salvação, Eduardo sabia que estava enfrentando o maior risco desde a hora do acidente. Ele precisava ser resgatado antes da arrebentação. Qualquer pessoa que já pegou jacaré, que já atravessou a arrebentação, sabe a força que uma onda tem para deslocar um corpo. Agora imagine se essa pessoa está com pernas e braços paralisados. A lesão na coluna poderia ser agravada. Além disso, se a onda jogasse Eduardo na praia, na posição errada, de cabeça para baixo, ele poderia morrer afogado em um tantinho de água.

Eram 6h30 quando amigos que saíam para pescar pararam para olhar o mar e viram um vulto preto na água.

“Ele falava que era tartaruga; eu dizia que era lixo. Só quando chegamos perto da água mesmo constatamos que era uma pessoa”, conta o advogado Tiago Viana.

Jorge não sabe nadar. Tiago estava com medo de ser puxado para baixo. Foi Eduardo, que depois de tudo, ainda tranquilizou os dois e explicou o que deviam fazer.

“Eu até estranhei. Pelo que aconteceu, ele até que chegou à areia muito calmo, muito tranquilo”, diz Tiago.

A emoção é indescritível. “Com 60 anos de idade e sem nunca ter praticado uma aula de natação, não saber nadar nem o suficiente para me salvar, participar do resgate de uma pessoa assim”, conta o administrador Jorge Carvalho.

Ainda ali, na praia, Eduardo pediu para ligarem para a mulher dele. Ela havia passado a noite ouvindo que não havia esperança.

“Mesmo se ele não tiver recuperação nenhuma e ficar assim para sempre já está super no lucro, porque ele está de volta, lúcido. Estamos aqui conversando, vamos ficar juntos, vamos tomar vinho juntos, vamos acabar de criar nossa filha. Então, está no lucro total”, comemora Marina Quental.

No mesmo dia, Eduardo foi operado. Os médicos entenderam que a pancada provocou a paralisia porque ele tinha, sem saber, uma degeneração na coluna. Na cirurgia, eles removeram um pedaço de duas vértebras, permitindo que o fluxo fosse restabelecido.

“Estamos confiantes de que ele vai ter uma melhora grande com o passar dos meses. Não é uma coisa rápida, mas é evolutiva”, explica o médico Paulo José Pereira.

Um mês depois do acidente, os progressos aparecem. O braço e a perna direitos estão com movimento. A mão vai ficando cada vez mais firme. E quem já se conformava em viver paralisado agora faz planos

“Assim que eu puder, vou para dentro da piscina começar a treinar respiração. Se Deus quiser, eu vou voltar a fazer caça submarina melhor do que eu fazia antes. Essa é a minha ideia”, planeja Eduardo. 



sábado, 5 de março de 2011

Deputada cadeirante fica presa em avião em SP.Que país é esse?


A deputada federal Mara Gabrilli (PSDB-SP) ficou presa por duas horas no interior de um avião na noite desta quarta-feira (2) no aeroporto internacional de Guarulhos (Grande SP) após se recusar a sair sem o equipamento adequado para desembarque de cadeirantes. A deputada é tetraplégica.
Gabrilli estava no voo 3563 da TAM, que vinha de Brasília e chegou por volta das 21h de ontem. O avião parou em posição remota no interior do aeroporto, fora das áreas de fingers (passarelas que ligam os portões de embarque às aeronaves). Neste caso, o desembarque de passageiros com mobilidade reduzida deve ser feito com ambulift (espécie de carrinho com elevador).
Segundo a deputada, apenas em terra a TAM informou que os aparelhos da empresa e da Infraero estavam quebrados, e que ela seria carregada por um dos comissários para fora da aeronave.
"Bati o pé e disse que eu não iria. Chovia forte no momento e estou com tosse. O risco é muito grande para uma pessoa como eu e o aeroporto deve ter os equipamentos necessários para estes casos."
Ainda segundo Gabrilli, funcionários da TAM tentaram convencê-la alegando que haveria demora na solução do impasse, uma vez que os equipamentos estariam quebrados há um mês e meio.

Mara Gabrilli ficou presa por duas horas em um avião em SP após recusar sair sem o equipamento adequado
Mara Gabrilli ficou presa por duas horas em um avião em SP após recusar sair sem o equipamento adequado
Solidários, os comissários da aeronave acionaram a torre de controle do aeroporto para usarem um dos fingers para o desembarque da deputada. Mas o procedimento não foi autorizado.
Uma resolução da Anac (agência que regula a aviação civil no país) obriga as empresas aéreas ou operadores de aeronaves a assegurar o movimento de pessoas portadoras de deficiência entre os aviões e o terminal com dispositivos adequados para efetuar, com segurança, o embarque e desembarque.
A deputada disse que chegou a acionar a Anac, mas a agência não demonstrou interesse pelo caso.
Apenas por volta das 23h, funcionários da TAM conseguiram um ambulift que estava fora de uso e fosse liberado pela Infraero apenas para a retirada da deputada.
"Tomei chuva e a pessoa responsável pelo aparelho não me amarrou (colocou o cinto de segurança). Foi minha assistente que prendeu o cinto de segurança com o ambulift em funcionamento. Ninguém teve essa atitude. Os funcionários não tem o preparo necessário ainda."

OUTRO LADO
A companhia área TAM lamentou, por meio de nota, os transtornos causados à deputada. Segundo a empresa, a passageira esperou durante 1h05 dentro do avião.
"A passageira desembarcou com segurança e foi acompanhada até o seu carro", disse a TAM, ressaltando que tem equipe treinada para lidar com essas situações.
Hoje, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) investigava o problema da falta de ambulifts no aeroporto de Cumbica. Segundo a agência, será aplicada uma multa à TAM por não ter transportado a passageira com segurança. O valor varia de R$ 10 mil a R$ 25 mil.

Qual é a minha força, para que eu espere? Ou qual é o meu fim, para que tenha ainda paciência?

quarta-feira, 2 de março de 2011

Família será indenizada por morte de jovem que teve atendimento recusado pelo SAMU de Caxias do Sul.A Juíza condenou o Município ao pagamento de indenização de R$ 100 mil a família de jovem paraplégico que faleceu após buscar por dois dias atendimento do SAMU. Fonte TJRS - Terça Feira, 01 de Março de 2011.



A Juíza Joseline Mirele Pinson de Vargas, da Comarca de Caxias do Sul, condenou o Município ao pagamento de indenização de R$ 100 mil a família de jovem paraplégico que faleceu após buscar por dois dias atendimento do SAMU. A decisão é dessa segunda-feira (28/2) e cabe recurso.
A autora da ação narrou que no dia 23/10/2006 começou a ligar para o serviço de emergência buscando atendimento para o seu sobrinho, paraplégico e cadeirante, que vivia sob seus cuidados. O jovem sentia fortes dores abdominais e dificuldades respiratórias.
Afirmou que realizou 31 ligações, no período de dois dias, mas os atendentes alegavam não realizar serviço de remoção, apenas atendimento de emergência. Alegou não ter condições de levá-lo ao hospital em razão dos problemas que poderiam ser causados por um translado indevido. Disse que o sobrinho faleceu em 25/10/2006 e, momentos antes, o SAMU garantiu que uma ambulância estava a caminho, porém o veículo nunca chegou.Em contestação, o Município ressaltou que o SAMU não tem por finalidade o atendimento domiciliar, consultas e remoção de pessoas, apenas emergências. Defendeu a culpa exclusiva da autora, que não levou o paciente ao hospital.

Decisão

A Juíza Joseline de Vargas ressaltou que após os primeiros contatos com o SAMU, os familiares procuraram médico do posto de saúde próximo a sua residência, que confirmou a gravidade da situação e a necessidade de remoção com urgência para um hospital. Após, salientou, novas ligações foram feitas, mas o serviço novamente atuou com descaso, pois foi enviado um carro para a casa do jovem (e não uma ambulância) com um técnico em enfermagem. Saliente-se, não era sequer um enfermeiro, que dirá um médico, enfatizou a magistrada. O profissional orientou a família a continuar ministrando a medicação que o médico do posto havia prescrito e aguardar a sua recuperação.
Apontou que no caso o dano decorre de uma omissão específica dos agentes da administração pública que deixaram de prestar o socorro solicitado. Enfatizou que a omissão é admitida pelo réu, que alega tratar-se de mero caso de transporte. Observou que é inequívoca a relação entre a falta e deficiência e deficiência do serviço público de saúde e o óbito.
Também sublinhou a falta de sensibilidade e respeito dos atendentes do SAMU, em todos os contatos realizados. Citou o trecho de uma ligação, na qual uma atendente do SAMU buscava confirmar junto a funcionário de um posto de saúde a informação de que a família fora orientada por médico a procurar o serviço de emergência. Depois de a funcionária afirmar que o paciente não foi atendido no posto, a atendente afirma que os familiares são safadinhos, muito safadinhos.
A Juíza destacou que foi apresentada gravação na qual enfermeira da UBS São Vicente contata o SAMU buscando atendimento para o jovem, comprovando o relato da família. No entanto, os atendentes do serviço de emergência, após contatarem apenas dois postos de saúde, concluíram que a informação era inverídica. Para a magistrada, pessoas que exercem essa função (...) nunca poderiam referir-se dessa forma àqueles que, com sofrimento e angústia, buscam atendimento aos seus entes queridos. Ademais, nunca deveriam esquecer que estão lidando com vidas e que uma ligação interpretada equivocadamente, pode determinar a sobrevivência ou não de uma pessoa. Concluiu pela fixação da indenização em R$ 100 mil.

Processo nº 01010900257019



terça-feira, 1 de março de 2011

Primeira deputada tetraplégica exige mudanças no plenário.Além de exigir acessibilidade na câmara, Mara Gabrilli já possui diversas propostas destinadas às pessoas com deficiência.


O projeto altera o Código de Trânsito Brasileiro para agravar a punição ao motorista que para o veículo em vaga reservada a idoso ou deficiente físico e determinar a fiscalização em estacionamentos de locais como shoppings e supermercados*.
Aos que estacionarem sem autorização em vagas reservadas, o projeto prevê infração grave, 5 pontos na carteira, com multa de R$ 127,69 e remoção do veículo. A resolução do Conselho Nacional de Trânsito que regulamenta as vagas reservadas prevê hoje inflação leve, com multa de R$ 53,20, 3 pontos na carteira e remoção do carro. Pela lei, 2% do total de vagas em estacionamentos devem ser destinadas a veículos que transportem pessoas com deficiência física ou visual e 5% para idosos.
A proposta também acrescenta às competências dos órgãos de trânsito fazer a fiscalização do uso dessas vagas em “edificações de uso público ou edificações privadas de uso coletivo”, incluindo aí hotéis, clubes, teatros, escolas, igrejas, hospitais, entre outros.
“Diversos órgãos de trânsito municipais têm se recusado a autuar automóveis indevidamente estacionados em vagas reservadas, sob o argumento de que não lhes é permitido fiscalizar áreas privadas”, diz o texto do projeto.
“Hoje, as pessoas entram nessas vagas sem nenhum tipo de fiscalização. Não há como multar, o segurança do local não tem poder de polícia e assim, mesmo se quiser, não consegue deixar a vaga livre”, acrescenta a deputada. A parlamentar também quer que o cumprimento à cota de funcionários com deficiência seja critério obrigatório para a participação em processos de licitação de empresas públicas.
Pretende ainda criar uma comissão permanente na Câmara dos Deputados para tratar dos direitos das pessoas com deficiência. “Seria uma forma de trabalhar os assuntos com todos os partidos e levar a causa para toda a Casa, tentando deixá-la acima de questões partidárias”, defende.