sexta-feira, 29 de abril de 2011

Feira traz sistema para tetraplégico dirigir e carro criado por cadeirante Deficientes físicos podem testar carros adaptados na Reatech, em SP. Inclusão no mercado de trabalho aumenta procura por veículos especiais.


O bancário Moisés testou um automático e vai comprar seu primeiro carro 0km (Foto: Rafael Italiani/G1)O Centro de Exposição Imigrantes, em São Paulo, recebe a 10ª edição da Reatech, uma das maiores feiras da América Latina com produtos destinados para pessoas com deficiência. Entre os principais atrativos do evento estão os carros adaptados, que proporcionam maior independência para os deficientes físicos e que podem ser testados no local. Entre eles, destacam-se um sistema desenvolvido especialmente para tetraplégicos e um automóvel adaptado criado por um cadeirante. 
Uma das atrações da feira é o sistema de voz TDriveN2, voltado para os paraplégicos. De acordo com o gerente de negócios da Cavenaghi (empresa especializada em adaptações), Renato Baccarelli, as novas tecnologias possibilitam que os tetraplégicos possam dirigir com mais facilidade, o que há 10 anos, na primeira edição da feira, não acontecia. Um carro completo, com o equipamento para guardar cadeira de rodas, sistema de voz, adaptações no volante para apoio de mãos, alavanca para acelerar e frear e outras facilidades, fica em cerca de R$ 25 mil.
Para o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Revendedores de Serviços para Pessoas com Deficiência (Abridef), Rodrigo Rosso, além da tecnologia, preços mais acessíveis têm ajudado na inclusão. “Hoje temos mais carros automáticos com preços acessíveis, facilitando mais a vida das pessoas com deficiência, que precisa de veículos com esse tipo de transmissão”. No entanto, ele diz que os incentivos fiscais poderiam ser ampliados para veículos com valor acima dos R$ 70 mil.
O bancário Moisés Edvaldo de Lima, 29 anos, esteve na Reatech para testar um Fox automático adaptado. Portador de hemiplegia (uma doença que deixa partes do corpo paralisadas), ele não consegue aplicar força com o lado direito do corpo. “Esse ano eu vou comprar meu primeiro carro zero, mas quero testar outros que são adaptados para mim”, diz o bancário. Ele precisa do pomo para direção (acessório que facilita na pilotagem) e o pedal do acelerador precisa ser do lado esquerdo do corpo, já que não tem força do lado direito.
Cadeirante desenvolve carro adaptado
O Pratiko foi desenvolvido por Márcio David, que ficou paralítico após uma poliomelite (Foto: Rafael Italiani/G1)O Pratiko foi desenvolvido por Márcio David, que
ficou paralítico após uma poliomelite.
O técnico em informática Mário David desenvolveu um protótipo para atender as suas necessidades e as de outras pessoas com deficiência física. Batizado de “Pratyko”, o pequeno carro com um motor de moto (Fazer), permite que as pessoas possam entrar no carro pela parte de trás sem sair da cadeira. Um elevador coloca o motorista dentro do automóvel.  “Estamos buscando montadoras interessadas no projeto”, diz Márcio David, que ficou paraplégico aos 2 anos devido à poliomielite.
 O projeto demorou seis anos para ficar pronto e   contou com a ajuda de 30 amigos do técnico de informática, que trouxe o “Pratyko” de Lages (SC) para São Paulo. De acordo com Rodrigo Rosso, presidente da Abridef, o futuro para o protótipo é promissor.
"Esse tipo de carro não existe no Brasil. Na Europa, as montadoras desenvolvem esses carros e eles são muito vendidos." Rosso também diz acreditar que, em breve, o projeto de Márcio David e seus amigos comece a ser fabricado e, assim, repetirá no Brasil o sucesso visto no mercado europeu. O grupo catarinense gastou R$ 70 mil para desenvolver o protótipo, que já foi patenteado. Até o momento, eles conseguiram apenas um patrocínio para a divulgação do Pratyko.
Empregos têm aumentado procura por carros.
 
Segundo Renato Baccarelli, a inclusão da pessoa deficiente no mercado de trabalho, com a inclusão de cotas, aumenta o poder aquisitivo e "eles passam a ter acesso a produtos de alta tecnologia."
De acordo com o organizador da Reatech, José Roberto Sevieri, a inclusão ajudou no crescimento da feira, que tem como um dos pontos básicos o consumo. "Dificilmente se encontrava um pessoa de cadeira de rodas na praia, indo trabalhar e frequentando baladas. Os adaptados e as novas tecnologias têm contribuído para isso”, disse Savieri ao relembrar o primeiro ano do evento.
Para Mara di Maio, que é superintendente da Abridef e faz palestras sobre o mercado de trabalho, “essa transformação está acontecendo de forma interessante, mas ainda existe uma resistência muito grande por parte dos empresários”. Ela diz acreditar que as empresas selecionam as pessoas pelo tipo de deficiência que elas têm, o que cria mais vagas em áreas operacionais. “A capacidade intelectual delas também é muito grande”, afirma Mara.
Montadoras marcam presença
Visitantes podem testar veículos adaptados (Foto: Rafael Italiani/G1)Visitantes podem testar veículos adaptados
A Fiat, primeira montadora a projetar veículos adaptados no Brasil, apresentou o Bravo com acelerador eletrônico de aro, acoplado ao volante. Além disso, a marca também mostrou outras novidades como a central de comandos elétricos e levou para a feira dois Doblós com plataforma elevatória, e outros modelos com câmbio automatizado Dualogic. A Honda levou o CRZ automático e disponibilizou outros veículos da marca para o público fazer test drive.
Outras montadoras como Volkswagen, General Motors, Peugeot, Toyota, Nissan, Citroën e Ford também estão presentes na Reatech. Elas apresentam modelos adaptáveis e disponibilizam carros para test drives.

Um comentário:

Vânia disse...

Sempre é uma esperança, ainda bem que em alguma parte do mundo nao somos esquecidos.
Como portadora de uma doença neuromuscular, um dos sonhos que gostaria de realizar era poder conduzir. O facto de ter beneficios na aquisiçao de veiculos nao me torna independente já que necessito de terceiros para conduzir.
Parabéns para o blogue continue a informar e a dar-nos um pouquinho de esperança. :) Abraço Vânia Cardoso